30 dezembro, 2011

Masoquismo


            Eu só conseguia pensar nela. Ela era meu sol. Tínhamos os mesmos gostos, os mesmos hábitos, os mesmos pensamentos. Não lembro bem como a conheci. Tudo parece um grande borrão que eu suplico todos os dias para que seja apagado definitivamente do meu cérebro. Ela era bonita e inteligente, divertida e engraçada. Impossível não pensar nela. Ela era meu céu, minha terra, meu ar. Agora imagine tudo isso indo. Para longe. Pois é, e foi.
            Toda aquela vida ensolarada foi ofuscada e coberta por um eclipse que me deixou sozinho no meio do nada. Não havia céu, não havia terra e nem mesmo ar. Só eu e mais nada. Eu abaixei a cabeça e esperei que aquilo acabasse. Mas não acabava.

20 dezembro, 2011

Risadas


            Sentado no meio do mundo, senti chegar meu momento. Estava na hora. Talvez já houvesse até passado. Precisava levantar. Precisava sair dali. Arranjar alguma forma de fugir, desaparecer. Voltar a ser aquele que eu já havia sido um dia. Mas como? Onde arranjar forças para deixar essa vida parasita e solitária, e seguir em frente? Com esvair os rostos desconhecidos e sem corpo que rodeavam maldosamente por minha cabeça à procura de destruição?
            Eles entraram sem pedir licença e devastaram tudo o que já eram destroços dentro de mim. E agora saíam, sem mais nem menos, rindo e debochando, simplesmente. Tudo o que existia de bom em mim eles haviam tomado, engolido, e depois vomitado. As coisas ruins eles meramente absorveram. Destruíram tudo, deixando o que eram torres, ruínas; o que era mar, poça.

15 dezembro, 2011

Cinco Meses


           Já se fazem cinco meses. Cinco meses desde que eu entrei pela última vez naquela sala de cinema ansioso pelo momento que eu mais aguardara até então. Cinco meses desde que Harry Potter acabou. Acabou?
            Preparei-me durante meses para aquele momento. O momento em que arrancariam definitivamente todo aquele mundo onde eu havia vivido por todos esses anos. O momento em que eu deveria sentir dor e angústia por não ter mais todas aquelas pessoas imaginárias ao me lado. Mas elas não foram arrancadas. Nada foi arrancado. E a dor não veio como eu esperava. Cinco meses se passaram mas mesmo assim eu ainda estou naquele castelo negro. Eu ainda tenho todas aquelas pessoas do meu lado. Mesmo elas não existindo mais. Mesmo eu sabendo que elas nunca existiram.

09 dezembro, 2011

Três Crianças


           O dia estava nublado naquela tarde de novembro. Teria sido o cúmulo da normalidade se eu não tivesse caído da escada. Quando encontrei minha mãe, ela me consolou dizendo que íamos conhecer alguém à noite. Para uma criança de quase cinco anos, esta era uma notícia animadora.
            Mais tarde, ao entrar em uma sala escura, sentei-me em uma poltrona vermelha esperando o tal alguém. Meu relógio marcou oito horas e, de repente, a sala se iluminou e eu conheci aquele que minha mãe havia citado. Um garoto magricela de onze anos e uma marca na testa. Tinha dois amigos: o ruivo, engraçado e espirituoso, e a dentuça inteligente de cabelos cheios.

06 dezembro, 2011

Estou mouco


         Queria começar isso aqui sem parecer migrante do Orkut, pseudocult do twitter ou anônimo desocupado do Formspring, mas é meio difícil...
         Começando do começo meu nome é Gabriel, mas conhecido por Mouco ou Izaguirre e tenho quase 15 anos. Não sou top nem Cult. Sou um nerd babaca que ama Harry Potter e que sonha em tomar chá com a J.K. Rowling num pub londrino às três da tarde. Me fizeram esse blog com a desculpa de que eu tenho que “compartilhar meus textos com o mundo”. Pois bem, vamos lá.
         Já fui ranger vermelho da força do tempo, fingi ser Comensal da Morte e ri do Zorra total. Já fui daqueles que colocava frases no sub do MSN tal como “Se não pode ficar com quem amas ficarás com quem te amas?”.