22 janeiro, 2013

Perdido.

Cheguei na casa pela primeira vez no meio de uma noite gelada. Abri a porta e não havia ninguém lá dentro, somente eu, nu, em um corpo quase adulto. Uma fileira de pessoas atrás de mim.
Tentei raciocinar o que estava acontecendo, mas meu cérebro não dava nenhuma dica. Havia estradas, milhares delas, todas enumeradas e que partiam do mesmo lugar: a porta onde eu estava parado. Tudo aquilo era novo e desconhecido, mesmo assim senti que devia escolher uma daquelas longas estradas, acopladas dentro da casa, e que partiam da abertura da porta. Por algum motivo, que não lembro bem hoje qual, escolhi a de número 37. Não sei por que aquela, ela era toda lamacenta e parecia não levar a lugar nenhum. Mesmo assim entrei nela e comecei a andar.

18 janeiro, 2013

Morte

A segunda casa á direita, numa das vielas daquele bairro imundo, estava destruída e cercada pela polícia e pelos bombeiros que tentavam agora descobrir o que causara a tal explosão e aquele incêndio todo. Ainda não sabiam, porém, que debaixo daqueles destroços, onde costumava ser a cozinha daquela casa, um garoto jazia morto, ainda segurando o cabo da panela onde costumava fritar seus nuggets.
Durante anos o garoto havia vivido com a esperança de que nunca morreria, mas quando finalmente se conformou com tal condição passou a imaginar as mais diferentes formas dignas de morte: assalto em sua futura casa de dois andares no Soho, parada cardíaca lá pelos 120 e poucos anos... Mas nunca havia lhe passado pela cabeça algo tão indigno: a explosão de um botijão de gás... Era uma forma vergonhosa de se perder vida.