15 abril, 2013

Lego House

Olhei aquela casa com um ar de decepção. Ela já era grande, apesar de ainda não estar nem na metade. Veja bem, digamos que nada ali estava ficando do jeito que eu queria, nem mesmo aparentava que um dia iria ficar, à medida que eu continuasse.
A casa era formada de várias pecinhas e cada uma delas representava minhas escolhas e atitudes ao longo da vida. Fiquei triste ao notar que mais da metade das peças estava fora do lugar, que havia peças que não deveriam existir, e peças que, de fato, infelizmente, não existiam, mas que deviam.
Tudo que eu queria era poder voltar... Voltar no tempo, desde o dia em que fiz minha primeira escolha, o dia em que fixei a primeira peça. Queria ser levado de volta para o começo, destruir a casa e fazer tudo de novo, e de novo, e de novo, até ficar perfeito e do jeito que eu quero. Por que eu não posso simplesmente saber como ficará a casa no final e seguir o projeto à risca? Por que tenho que construí-la às cegas, sem poder voltar atrás, colocando cada peça num lugar aleatório sem nem mesmo poder saber aonde aquilo tudo vai dar?
Havia muitas peças ali que eu me arrependia de ter colocado e muitas que até hoje me orgulhava. Valeria a pena destruir a casa e perder tudo? Arriscar construir tudo de novo contando com a possibilidade de sair ainda pior? Vale a pena? De qualquer forma eu não posso. As coisas não são assim. Porém fico pensado como tudo seria mais fácil se a vida se resumisse numa simples casa de lego.

3 comentários:

  1. Gostei Isaac, você escreve muito bem! Tem futuro.

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  2. Adorei, Gabriel!
    A vida é assim, faz parte 'construir' errado, só com o tempo a gente aprende a montar.. (Blé, não tenho o seu dom! hauhauh mas enfim, parabéns!)

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